Consumir o dia inteiro aquela bebida, que tinha algo de mágico em seu azul diáfano de quase absoluta transparência; que, sem nenhuma explicação lógica, estava sempre gelada, qualquer que fosse a temperatura ambiente; que tinha um sabor denso, ao mesmo tempo que leve; e um misterioso bouquet almiscarado, em cuja composição, no entanto, se podia discernir, facilmente, um suave odor a madressilvas, não era, para os moradores daquele pequeno Burgo daquele perdido Condado daquela inacessível Cordilheira daquela velha Península daquele úmido Continente, único lugar no mundo em que era produzida, nem crime nem vício nem pecado, mas um hábito cotidiano, mantido há incontáveis gerações. Mais do que isto: fazer aquele líquido descer goela abaixo era o traço maior da identidade nacional daquele povo. Continuar lendo.